infancy by fredmatos

“Tirem-me os deuses
Em seu arbítrio
Superior e urdido às escondidas
O Amor, gloria e riqueza.

Tirem, mas deixem-me,
Deixem-me apenas
A consciência lúcida e solene
Das coisas e dos seres.

Pouco me importa
Amor ou glória.
A riqueza é um metal, a gloria é um eco
E o amor uma sombra.

Mas a concisa
Atenção dada
Às formas e as maneiras dos objectos
Tem abrigo seguro.

Seus fundamentos
São todo o mundo,
Seu amor é o plácido Universo.
Sua riqueza a vida.

A sua glória
É a suprema
Certeza da solene e clara posse
Das formas dos objectos.

O resto passa,
E teme a morte.
Só nada teme ou sofre a visão clara
E inútil do Universo.

Essa a si basta,
Nada deseja
Salvo o orgulho de ver sempre claro
Até deixar de ver.”

Odes de Ricardo Reis . Fernando Pessoa.

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passagem das horas by fredmatos

“Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero….”

Alvaro de Campos – Fernando Pessoa

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walking into the light by fredmatos

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somente os mortos são estáveis

para caminhar
desequilibro-me
se cair
que seja nos teus braços
se eles não me ampararem
sublimarei o baque
e
malgrado o coração magoado
trilharei outras sendas
até que a estabilidade
inevitável
me surpreenda.

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